terça-feira, 8 de março de 2011

Muito além da folia, uma reflexão sobre o dia internacional da mulher

08/03/2011 - 10:01
Mário Marques de Almeida


Esta terça-feira (8), para muita gente é apenas mais um dia de carnaval e de folia, porém é hoje que se comemora o Dia Internacional da Mulher - fato que deve oportunizar a reflexão sobre as conquistas obtidas pelas pessoas do sexo feminino, lembrando também que, em várias partes mais conturbadas do mundo, elas continuam oprimidas e submetidas à servidão imposta por sociedades atrasadas e machistas. Sujeitas à barbárie e atrocidades covardes derivadas de interpretações religiosas esquizofrênicas e tresloucadas.

Já no Brasil, apesar dos avanços representados pela Lei Maria da Penha, que combate e pune os crimes de violência doméstica, a mulher ainda é vítima da intolerância e preconceito. Atualmente, é fato, bem menos do que antes.

Todavia, essa busca pela igualdade social, política e econômica por parte das mulheres não pode jamais arrefecer enquanto luta permanente. E que precisa contar com o apoio e o engajamento dos homens de mente mais aberta e esclarecida, capazes de ver a mulher como parceira e não como subalterna. Ou simples objeto sexual. Ou uma doméstica barata, de baixo custo, para pilotar o fogão e o tanque de roupa, se exaurindo nas tarefas da casa e nos cuidados com os filhos e com o próprio companheiro.

O alerta é pertinente, porque os ventos do atraso e da intolerância racial e de sexo ainda se fazem presentes, inclusive soprados por parte de autoridades que deveriam zelar, defender e aplicar a legislação que pune os maus tratos físicos e a humilhação psicológica e moral motivadas por questões de gênero.

Um caso típico desse odioso preconceito foi protagonizado recentemente - pasmem! - por um juiz brasileiro que, ao deixar de punir um agressor de uma mulher, ainda considerou ser "diabólica" a Lei Maria da Penha.

Esse magistrado, com a concepção jurídica distorcida que possui, não faria feio no Irã e em outras regiões nas quais as mulheres são apedrejadas ou enforcadas porque, rejeitadas ou insatisfeitas com a união conjugal - no mais das vezes, forçadas por seus pais, que escolhem os maridos para as filhas -, procuram manter relações sexuais fora do casamento, mesmo que viúvas! Conforme é a situação desumana vivenciada pela iraniana Sakineh, martirizada em vida em uma masmorra de seu país.

Quanto ao Brasil, uma forma de não deixar que o retrocesso prospere, sobretudo na cabeça e sentenças de juízes e eventuais julgadores propensos a considerar a violência contra a mulher como uma questão natural e parte da cultura de submissão à qual elas devem seguir - e obedecer - cegamente, sem direito a retrucar, é manter vigilância permanente. A par com o repúdio - a exemplo do que, ainda que modestamente, faço agora - mais veemente aos espasmos de todos quantos consideram, erroneamente, a mulher como um ser inferior.

Quando ela é igual a todos nós homens.


Mário Marques de Almeida é jornalista. www.paginaunica.com.br E-mail: mario@paginaunica.com.br

Postado em: http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?edt=47&id=163293

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